Arte

Utilização das cinzas na queima caracterizam cerâmicas de Angélica Marques

Primeira exposição individual da artista pelotense pode ser vista na galeria A Sala, do Centro de Artes da UFPel

Foto: Eduardo Devens - Exposição de Angélica Marques reconectam a produção artística com a natureza

Com uma técnica singular de queima da cerâmica utilizando cinzas vegetais, as peças que a ceramista Angélica de Sousa Marques apresenta na exposição In-perfeições e compartilhamentos buscam reconectar a produção artística com a natureza. A obra é a mais nova atração da Galeria A Sala, do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas (CA/UFPel). No final da tarde desta quarta-feira (29), às 17h, a artista divide com o público um pouco das suas pesquisas poéticas e experimentações, a partir do barro, em um bate-papo proporcionado pelo projeto Fim de Tarde nA Sala.

A exposição resulta da pesquisa de Angélica para o mestrado em Artes Visuais pela UFPel, na linha de Processos de Criação e Poéticas do Cotidiano, concluído no início deste ano. Esta é a primeira individual da artista. "O ponto de partida de sua investigação foi a criação de esmaltes cerâmicos à base de cinzas vegetais, e através desta exposição Angélica nos convida a uma reconexão com a natureza", descreve a curadora Ângela Pohlmann, professora da UFPel.

A mostra, que integra as comemorações dos 20 anos da A Sala, também conta com a participação dos professores da UFPel Ângela Pohlmann, Paulo Damé e Reginaldo Tavares; e faz uma homenagem a José Luiz Kinceler (in memoriam). As visitações devem ser feitas, de segunda a sexta, das 9h às 20h, até o dia 8 de dezembro. No dia 6 a galeria receberá o cantor e compositor Júlio Casarin para uma apresentação.

Resíduos e reutilização

Desde 2015, quando ainda morava em Florianópolis, Angélica se dedica à cerâmica. Neste período a artista conheceu a esmaltação através das cinzas vegetais. "Eu me encantei com isso, porque vinha de um processo como educadora ambiental. Eu tinha terminado a especialização em Gestão de Resíduos Sólidos, então estava bem nessa área de resíduos e reutilização", relembra.

Ainda em Santa Catarina, Angélica passou a aprofundar conhecimentos, juntamente com Damé, seu companheiro, e Kinceler, que foi orientador do professor tanto no mestrado quanto no doutorado. Posteriormente, o casal foi morar no interior de Encruzilhada do Sul, onde ambos desenvolveram pesquisas com a temática da reconexão à natureza. "Nós recolhíamos as cinzas do fogão à lenha e reutilizávamos."

Neste trabalho até as cinzas remanescentes das queimas, que ocorrem após a corte das madeiras de reflorestamento, eram aproveitadas. "Eu busco nessa pesquisa uma reconexão com essa natureza, uma natureza que tem um tempo diferente do nosso cotidiano, um tempo mais lento que o próprio barro nos ensina."

Instalação em parceria

Na exposição a artista e Damé apresentam uma instalação com mais de 200 peças. Além de cerâmicas artísticas, Angélica desenvolve também itens de uso cotidiano, como ela chama, também conhecidos como utilitários.

O resultado desta técnica de origem oriental são peças com um colorido mais terroso, em geral. "Essa esmaltação com cinza não tem essa característica das cores vivas", fala a artista. Mas também podem surgir nuances de azul ou verde, por exemplo, influenciadas por vários fatores, como a origem da madeira e a forma como a cerâmica foi queimada.

Outra peculiaridade é que essas cerâmicas carregam em si imperfeições, que as caracterizam, o que, observa a artista, as aproximam ainda mais do ambiente natural. "Uma imperfeição que não é bem-vista pelas indústrias, mas que pra mim é uma beleza, porque traz essa simplicidade. A natureza é assim."

Serviço

O quê: Fim de Tarde nA Sala, com a artista Angélica Marques sobre a exposição In-perfeições e compartilhamentos

Quando: Nesta quarta, às 17h

Onde: na galeria A Sala (CA/UFPel)

Entrada franca


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